Se os índios são gente...


“Se os índios são gente, então eles têm direito de conhecer o Filho de Deus”
Terena: Carlos Justino Marcos

O Brasil não é um país de uma só língua, cultura e religião. É uma nação de muitos idiomas e tradições. Seus primeiros habitantes estão em todo o território. Uns usam relógio. Jeans e internet. Outros vivem de corpo pintado, arco empunhado e não falam português. Uns consultam xamãs e outros a Bíblia. São caçadores, pescadores, professores, advogados ou servidores públicos. Alguns são de povos que têm terra, outros de etnias que foram espoliadas de seus antigos territórios.
De um jeito ou de outro, todos são discriminados. Ora são elogiados, ora censurados. Ou porque vivem como “bons selvagens”, ou porque não se enquadram em estereótipos do que é ser índio. Ou porque preservam suas religiões ou porque abandonam suas crenças. Porém, preconceito maior é imaginar que uma pessoa ao se tornar cristã não é mais indígena.
Profissionais da mídia ridicularizaram um Terena que declarava sua fé cristã. Um Baniwa que pretendia “evangelizar os parentes” foi proibido por agentes do Estado de entrar numa aldeia Yanomami. A vontade do povo Waiãpi não foi respeitada quando agentes do Estado proibiram as missões evangélicas de entrar em seu terreitório. O povo So’e é mantido em isolamento por parecer jurídico que considerou incondicional “ a pregação do Evangelho de Jesus Cristo aos índios”.
A evangelização não pode agredir os valores dos povos indígenas. Os erros cometidos em nome da evangelização ao longo da história por alguns grupos ou indivíduos devem promover arrependimento e profundo desejo de contextualizar o Evangelho. Tais erros, no entanto, nunca deverão servir de justificativas para negar a liberdade religiosa às sociedades indígenas do Brasil.
A missão cristã se cumpre na solidariedade com os povos indígenas, que não podem ser forçados a abandonar suas crenças e nem obrigados a mantê-las. A autodeterminação dos povos indígenas exige o exercício da sua liberdade de escolha.
Fonte: IBEGE, ISA, INESC, CIMI, Porantim, SIL, AMTB, Ultimato, Paraná Indígena.